domingo, 11 de setembro de 2011

"É a vida"

Ontem acordamos com a notícia de que o marido da Carmen, uma senhora que trabalha com o Lucas, tinha morrido.
Ele estava muito doente há uns 8 anos já, mas na última semana uma pequena gripe levou seu problema no pulmão a um estado terminal e em menos de 5 dias ele se foi...
Eu não conhecia a Carmen e menos ainda seu marido, mas fiquei mal com a notícia. Definitivamente eu não sei lidar com a morte, com a perda de pessoas amadas e morro de medo só de pensar (ou saber) que isso faz parte da vida de todo mundo - ir e, pior, ficar.

O Lucas passou um bom tempo da manhã de sábado avisando todo mundo no banco, passando o endereço da igreja onde seria o velório e tal, e depois saímos pra fazer nossas coisas.
Ir buscar a carta de motorista do Lucas, comprar uma bolsa nova pra mim (à prova de roubos e sem traumas..rs), encontrar o melhor caminho de carro até minha faculdade, ir dirigindo até lá pra praticar e etc. 
Por volta de umas 15h30 passamos em uma floricultura e fomos ao velório. Conheci várias das pessoas que trabalham no banco, conhecemos os filhos da Carmen, conversamos amenidades, abraçamos os familiares...
Ficamos algumas horas na igreja e eu me arrepiava e meus olhos enchiam de lágrima cada vez que a Carmen falava de como estava, da incapacidade de dormir, do medo de voltar pra casa, de entrar no quarto do casal, do estado de inanição em que ela se sentia... Não faria sentido algum pras pessoas ao meu redor, por isso segurei muitas vezes o choro que quase veio. 
Choro pela empatia com aquela nova viúva, choro pela lembrança dos que já perdi e choro de medo!
(Não tenho medo de morrer, de verdade. Mas morro de medo da morte dos meus!)

Depois dessas horas na igreja reunimos um pequeno grupo e resolvemos fazer alguma coisa. 
Primeiro fomos jogar sinuca. Depois, já que estávamos ali mesmo, jogamos uma hora de boliche. Em seguida, brincamos em várias máquinas do playland do shopping, máquina de dança, basquete, matar castores, pular, escolher nossa recompensa... 
Por volta de onze da noite nos animamos pra ir dançar! Algumas ligações feitas e decidimos por um bar colombiano em que poderíamos comer comidas típicas e dançar uma boa música latina, onde resistimos bravamente até o dj resolver entrar nas músicas eletrônicas chatas de sempre. E ufa!
Foi um final de dia super eclético, diferente e divertido! Ótimos lugares, ótimas companhias, ótimas comidas...

Mas não pude não pensar de onde raios veio todo esse pique...
Tínhamos acordado cedo com a ligação sobre o marido da Carmen e não dormimos mais...mesmo assim emendamos um programa ao outro, nos divertindo de verdade.

Eu diria que esse é um jeito saudável de lidar com a morte: celebrar a vida!

Acho que todos ficam impactados com notícias assim, mesmo que não seja alguém próximo a você, porque nos faz ter que lidar com a noção da finitude da vida. E faz bastante sentido que, frente à finitude dela, resolvamos sair e aproveitar o que temos de vida nossa e o que temos de companhias.

Talvez a gente devesse celebrar a vida com mais freqüência, sem precisar desses chacoalhões nos assustando, mas sei lá, no dia a dia é mais agradável esquecer dessa necessidade (especialmente por causa do lembrete que ela traz) e seguir na normalidade....

No final das contas, talvez um pouco do susto e da graça esteja justamente na não permanência dessa sensação...



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