Há
exatamente um ano eu estava lá, nervosa como nunca, feliz como nunca
e realizada como nunca imaginei que pudesse estar. Eu, que sempre
adorei fazer piadas sobre casamentos, que adorava dizer, até pra
chocar – confesso, que não via o menor sentido na instituição e
celebração do casamento, que nunca sonhei com um vestido de noiva, que nunca acreditei em Príncipe Encantado.
Euzinha,
esse ser muitas vezes amargo e pouco romântico, tremendo feito
gelatina e conseguindo falar ainda mais baixo e mais rápido do que
já falo normalmente.
Estava
parada ali, de branco, na frente de um grupo enorme de pessoas,
pessoas mais do que especiais (após o dificílimo trabalho de
encurtar ao máximo a lista dos queridos), sentindo na pele
(literalmente) todos os olhares carregados de carinho, de orgulho e
de felicidade compartida.
E,
principalmente, olhando nos olhos da pessoa mais importante que
cruzou meu caminho pra dizer, pra quem quisesse ouvir, que eu
finalmente acreditava no Felizes para Sempre!
O
texto que eu tinha preparado saiu um negócio enrolado, difícil de
entender...esquizofrênico, mesmo! Mas hoje, relendo, eu concluo que
ele não era ruim...
Quer
ver?
“Acho
que a parte mais difícil deste texto é começar a escrever
(tirando, é claro, ler na frente de todo mundo depois!).
Tive
algumas idéias de o que fazer, ou como começar…mas elas nunca iam
adiante.
Algumas
das coisas que eu pensava em te dizer, acabava concluindo que alguém
já tinha dito em alguma música. Aí não era original, não servia!
Depois abri mão da originalidade, afinal, podia não ser "meu",
mas era de coração…
Pensei
em fazer uma montagem com cada pedaço de cada música, escolhendo a
dedo cada uma das frases, pra poder dizer exatamente aquilo que eu
queria dizer. E aí, antes de começar, percebi que essa idéia
resultaria em um grande barulho esquizofrênico e sem identidade.
Próxima
idéia? Eu não fazia idéia!
Desejei
que eu pudesse aprender a cantar pra te surpreender com um "número".
Seria brega, mas seria MUITO surpresa! Se eu dançasse nesse
"número", então…!
O
problema é que eu precisaria de infinitamente mais tempo do que o
disponível pra ser capaz de aprender essas coisas. E, provavelmente,
no meio do processo, me daria conta de que era tudo bem ridículo.
Então…escrever?
Mas como ser original pra falar de um sentimento tão batido, tão
cantado, contado, declarado por praticamente todo mundo que resolve
escrever sobre algo: o amor?
E
eis então que, num momento de "tempo livre esperando a equipe
do Final Feliz chegar", me vejo sentada na frente de um caderno
em branco. Um caderno vazio e um coração completamente inundado!
Inundado de amor, de saudade, de ansiedade, de paixão (sim! Depois
de mais de 5 anos, muita paixão!).
Parecia
então um bom cenário pra começar…
Fiquei
pensando sobre o caderno vazio, cheio de nada, e o barulho
esquizofrênico de antes. Eles parecem opostos, mas na verdade acho
que a união dos dois representa bem a nossa união.
Um
barulho esquizofrênico pode ser uma ótima metáfora para um
relacionamento. Piadas maldosas à parte, nunca se começa uma
relacionamento do nada, sempre existem as histórias individuais e
anteriores que se fundem. Da mesma forma, acho que quando se trata de
amor (pra falar de amor, ou pra sentir amor) é impossível ser
totalmente original.
O
ser humano se relaciona e se ama há milhões de anos. Parece mesmo
improvável que possa existir um tipo inédito de amor pra se sentir;
é como se todos os "tipos" já tenham antes sido
experimentados ou narrados por alguém…
O
fato é que, para construir o nosso amor a gente escolhe cada
pedacinho desses tipos já conhecidos, da forma que mais nos convém,
pra formar o "barulho esquizofrênico de amores" que tem a
nossa cara, que se encaixa perfeitamente em nós dois.
E
é a partir deste barulho esquizofrênico de amores que nos tornamos
um caderno em branco.
Um
caderno em branco, com folhas recicladas, onde será escrita agora
nossa vida.
Juntos
estamos nos dispondo a construir uma nova vida, uma nova família.
Tudo quase do zero pois, carregando a bagagem de vida (e de família)
que já temos nas folhas recicladas, vamos criar uma nova forma de
escrita, a NOSSA forma!
E
eu, que sempre fui meio cética com essa história de casamento
tradicional e de felizes para sempre, estou aqui, parada na frente de
toda essa gente querida, vestida de noiva, pra dizer que nunca estive
tão segura sobre nada na minha vida, quanto estou agora! Porque eu
tenho a certeza de que estou com a pessoas certa e que juntos somos
incríveis!
Não
que eu ache que vai ser super fácil ser feliz pra sempre, afinal,
barulho esquizofrênico demais na cabeça, ou ficar muito tempo
escrevendo, podem trazer eventuais dores de cabeça. Mas a parte de
mim que escolheu, 5 anos atrás, aquele cara cabeludo, cheio de
piercing, quase metalero, deve gostar de um rock pesado e barulhento.
E a parte de mim que foi descobrindo junto com você esse seu "novo
eu", está pronta pra sentar velhinha, em uma poltrona ao lado
da sua (como no Up!), com óculos de leitura (pra não doer a
cabeça), pra lermos juntos toda a história que teremos escrito no
nosso caderno, já não mais em branco…
Te
amo profundamente, com nosso jeito de amar e pra sempre!”
Agora um ano
passou, um monte de coisas mudou, nosso caderno já não é mais em
branco e é cada vez mais lindo. Nossa história está se escrevendo
conforme planejamos, com surpresas, claro, mas com tudo do nosso
jeito.
Nossas casas,
nosso país, nossa filha, nossas comidas, nossos amigos, nossos
tempos separados, nossas atividades individuais, nossas risadas
juntos, nossas discussões, nossos amores, nossas conquistas, nossos trabalhos, nossos sucessos, nossas descobertas, nossos aprendizados, nossa vida...
Todos os dias
você me faz querer ser uma pessoa melhor, todos os dias eu quero
poder ser capaz de poder fazer você ainda mais feliz, como você me
faz. Crescer e andar os caminhos da vida com você ao meu lado é
muito mais prazeroso, seguro e, definitivamente, a melhor escolha que
fiz na minha vida.
Se é que
destino existe, sei exatamente porque raios eu errei tão feio na
escolha da minha primeira faculdade: eu precisava chegar na UFSCar
porque eu PRECISO de você na minha vida!
Sempre digo no blog que sou uma pessoa solitária, que gosto de ficar quieta no
meu canto, etc.. Mas eu só posso gostar tanto disso porque sei que
meu canto é justo do ladinho do seu, na intersecção com o seu. E é
essa a magia que descobri no casamento: depois de um ano de casados,
não posso dizer que nos tornamos um só, mas que nos tornamos
versões muito melhores do nosso “nós dois”.
O que mais eu
podia pedir pra vida?!?
O primeiro ano foi maravilhoso, mas a melhor parte é saber que é só o primeiro de tantos outros que virão, e sem dúvida cada vez melhores!
Te amo!!!!!
UOUUU! Que lindo Gabi! Confesso que no dia eu não pude entender nem metade do seu discurso.Mas não acho que tenha feito falta. O seu sorriso e o brilho nos seus olhos diziam tudo , ou mais, do que você tinha escrito. Desejo mais e mais felicidade pra vocês. E espero poder viver isso logo também!rs. Beijos e um 2012 de muito barulho esquizofrênico!
ResponderExcluirQuerida, que bom voltar pras memórias do casório!!!
ResponderExcluirParece que foi a uma vida atrás. Tanta coisa se passou nesse ano..
Fico feliz de ver que vocês estao bem e crescendo juntos. Que essa energia boa dure até quando tenha que durar e que sua felicidade continue transbordando para a folha em branco (ñ mais tao branca, hihihi).
Amo vocês dois.
Beijos,
Sil (sua filha humana rsrs)
ja podi parar de chuar??? snif snif!!! que lindo! sem mais
ResponderExcluirMarina Zelante