domingo, 27 de maio de 2012

"Vai chover, de novo"

Uma das coisas que eu mais gosto em Santiago é a quase inexistência de chuva.
Porque dormir com barulhinho de chuva é uma delícia, mas acordar e ter que ir pra faculdade debaixo dela, passando o dia todo com o pé molhado e tendo que "nadar" pra atravessar certas ruas, além de ser desagradável, já fez parte do meu dia a dia por muitoooos anos! Chega, né?! rs

Pois bem, neste fim de semana Santiago está em "alerta amarilla" pela quantidade de chuva que se espera.
Em abril tivemos um dia chuvoso - em que choveu 15 milímetros - e foi meio caótico, com vários lugares alagados, comunas sem luz, trânsito maluco... essas coisas quem em São Paulo fazem parte da rotina....

Pra esse fim de semana se estava esperando 60 milímetros de água! O povo estava meio em pânico...rs
A cidade não é nada preparada pra chuva! Nada! Os pisos não tem inclinação pra água escorrer (nem na rua, nem nos shoppings, nem em lugar nenhum, arrisco..rs), os bueiros não tem quase vazão nenhuma - e estamos no outono, o que significa milhões de folhas no chão!!! Ou seja, mesmo que chova muito menos, quando acontece, o caos é igual ao das tempestades aí...

Mas o que me impressionou nesse fim de semana foi a mobilização da cidade pra esperar os 60 milímetros!
O governo estava soltando uns pedidos pra que a população só saísse de casa se fosse necessário, colocou equipes de resgate e "desentupimento" em alerta e plantão, fez limpeza e prevenção nos lugares que mais alagaram em abril, montou num estádio um albergue que vai acolher, durante todo o fim de semana, o contingente de moradores de rua que não conseguirem vagas nos albergues já existentes...
Achei tudo muito legal!!! Espero que funcione na realidade e não só nas notícias, né?!

Ah! Quando chove o coração aperta ainda mais pelos milhares de "perros callejeros" que existem nesse lugar... =(
 
Hoje o dia todo ficou feia e chovendinho, nada de tempestade... Pelo que eu li, eles esperam o pior pra essa madrugada, o que eu acho ótimo... no quentinho da minha cama, com a trilha sonora perfeita!

Vamos acompanhar....rs




ps.: enquanto eu escrevia esse post a luz acabou e demorou horas pra voltar, atrasando a postagem...rs

segunda-feira, 21 de maio de 2012

"So, please, please, please"

Basta entrar no meu blog pra dar de cara com o logo do Adote um Gatinho!

Acho que absolutamente todo mundo que me conhece sabe do meu amor pelos gatos e da minha escolha pelo Adote um Gatinho como ONG preferida ever!!! rs

Pois hoje eu vim aqui contar como começou minha relação e minha paixão pelo Adote!

O texto que segue foi escrito por mim em dezembro/2009... um pouco sem saber o que fazer com isso, ele acabou virando um email babão pra Juliana e pra Susan, e foi assim que tudo começou...rs (versão sem edição ou correção)


"Relato de uma fã:
Conheci o Adote Um Gatinho algum tempo atrás, pesquisando informações de como cuidar melhor do meu gato e logo me encantei com o trabalho.  Na época eu fazia faculdade no interior e como uma boa universitária de curso integral, não possuia renda, assim, minha contribuição para a ONG ficava reduzida à divulgação do trabalho.

Quando tive que voltar pra São Paulo, trouxe, claro, meu gatinho (Léo) comigo, mas a casa dos meus pais (onde voltei a morar) é praticamente impossível de fechar e por mais que eu tenha me esforçado pra que não acontecesse, o Léo se tornou um amante das ruas. Passava os dias soltos e a noite dormia preso em casa; desta forma ele fez muitos amigos (humanos e gatos), mas também acabou encontrando um final terrível. Em junho de 2008 o Léo foi envenenado. A dor foi imensa, eu me culpei pelo fato, e sinto a falta dele todos os dias, até hoje.
Tive gatos desde criança em casa e sempre ouvi dos meus familiares que gato era bicho livre, que deveria ficar solto e nós, humanos, deveríamos aprender a lidar com a perda que fatal e rapidamente sempre acontecia. E acabei acreditando nisso, enquanto acreditava também na bondade geral do ser humano. A morte do Léo me trouxe uma amargura também, uma sensação de que não poderia mais confiar nos seres humanos (especialmente meus vizinhos) ou na minha casa.
Foi neste momento de dor e decepção que meu vínculo com o Adote Um Gatinho se estreitou ainda mais. Descobri ali uma série de pessoas que amavam esses animaizinhos tanto quanto eu,  que pensavam a relação com eles assim como eu, que defendiam a proteção dos gatos, dentro de cada casa, segura, quentinha, garantida... Percebi que não estava sozinha no mundo dos loucos amantes dos gatos. Pelo contrário, tinha um monte de gente tão louca quanto eu (rs), algumas que se dedicavam de uma maneira incrível para aqueles animais, custasse o que fosse, desse o trabalho que fosse. Ali, naquele site, naquela ong, tinha gente que me mostrava que ainda havia seres humanos que valiam a pena nesse mundo.
Passei então a gastar horas e horas acompanhando o trabalho do Adote Um Gatinho.Lendo tudo que tem no site mais de uma vez, vendo as fotos dos gatinhos disponíveis e dos já adotados, acompanhando o blog (que entrou rapidamente pra minha barra de favoritos), chorando (de felicidade ou não) ao ler as histórias dos boletins ou assistindo os vídeos, enfim,admirando tudo o que essas pessoas faziam pelos gatos, sentindo um pouco de alívio por saber que elas existiam...
Ninguém entendia como eu podia passar tanto tempo vendo um site sobre adoção de gatos, sendo que eu não iria adotar um gato - minha casa continua insegura, e meus vizinhos, continuam uns ogros, e eu não colocarei gatos neste abiente novamente! Em alguns momentos era mesmo dolorido passar vontade daquele jeito, com aqueles  gatinhos lindos... mas na maioria das vezes, eu me sentia confortada pela simples existência daquelas cuidadoras. Continuava como uma admiradora passiva, ainda nao podia colaborar com a ong. Não podia contribuir com dinheiro, pois meus pais não levavam muito a sério a minha vontade, e é deles que vem o dinheiro,então....Pensei em doar o comedouro do meu Léo pros gatinhos carentes, mas tive uma crise de choro horrível quando fui marcar na agenda uma data para entregar o pote, então achei mehor respeitar esse meu limite...
Finalmente, ao longo desse ano, ainda sendo a universitária pobre que sou, decidi que passaria a economizar dinheiro meu, seja lá como fosse, deixando de tomar refrigerante ou sair um fim de semana, enfim... Eu queria participar mais ativamente do trabalho, precisava fazer mais pelos gatos vivos que precisam tanto da gente. Minha forma de contribuição passou então a ser, além da divulgação, a compra das rifas. Nunca pensei no que estava sendo rifado, queria apenas garantir que um mínimo de dinheiro meu seria revertido para a ong! Tanto que fiquei surpresa quando acabei sendo a ganhadora da última rifa do ano que foi pro ar (do kit da tok stok), achei o máximo, me senti mais próxima do AUG, fiquei super emocionada por isso!!!
Aí surgiu o II Bazar de Natal! Marquei na agenda mais de um mês antes e decidi que iria a todo custo! Tentei achar companhia pra ir comigo, chamei amigos, outras gateiras da família, mas nada... Então fui sozinha mesmo! O importante era ir ajudar os gatinhos!!!
Logo que sai do metro Vergueiro (ainda um pouco perdida), vi uma moça com uma sacola na mão, que não sei bem porque, me chamou atenção, em seguida, vi outra com a mesma sacola, mas com a camiste do AUG. Pronto! Me senti em casa!!! Fui, literalmente, seguindo as vibrações, e consegui chegar ao local do bazar. Lá era tudo encantador, fiquei o tempo todo com os olhos cheios de lágrimas. Tive a sorte de chegar perto do momento em que um dos vídeos foi passado e quando estava me sentindo um pouco boba por estar chorando com o filme, percebi que todas a minha volta choravam também!  Ali eram todas como eu, todas apaixonadas pelos gatos, todas loucas gateiras, todas choronas...
Até aí já seria dificil descrever tanta emoção. Mas ainda havia aquele grande quadrado no meio do salão, cheio de moças bonitas  usando camisetas da ong... Até entao meu "relacionamento" com o AUG era totalmente virtual..mas ali estava eu, na frente daquelas pessoas que sem saber me deram tanta força, que eu tanto admirava. Percebi que estava nervosa como uma adolescente quando encotra com seu ídolo, fiquei tremendo, com vontade, mas tb um pouco de medo de chegar perto, rondei a mesa algumas vezes antes de me aproximar, e quando consegui, fui bem rápida, fiz meus pedidos,gastei um dinheiro que eu não tinha (rs), e fiquei olhando de longe mais um pouco. 
Quando vi a Juliana e a Suzan então, que emoção!!! Tive vontade de ir tirar foto e pedir autógrafo, ou dar um abraço de "parabéns e muito obrigada", mas achei melhor olhar de longe, e me emocionar mais um pouco. Sai de lá chorando, de alegria, de contentamento, sentindo que lá era um pouco meu lugar, com uma vontade enorme de estar mais lá, rodeada de todas aquelas pessoas. Afinal, tinha sido tudo tão lindo! Eu nunca tinha visto tantos gateiros e gateiras unidos de uma vez.
Até que surgiu o concurso da playlist do Sonora! E eu descobri que não tinha visto nada do que podia ser união, dedicação e força em prol do animais! Votei loucamente! Mesmo ouvindo críticas, mesmo com pessoas tirando sarro de mim, votei, votei, votei, votei...incansavelmente. Mais uma vez fiquei mais quieta no meu canto....apareci meio pouco no orkut e nos comentários do blog, mas estava lá, sabia que estava fazendo minha parte, não só pelos animais, mas principalmente, pelas meninas do AUG!!!!
Eram elas quem mereciam isso, são elas que vão fazer mais mágica com seus corações lindos, ajudando esses seres encantadores...e foi por elas que eu votei!!! Era lindo perceber que a cada voto, varios outros também aconteciam, e que, de alguma forma, aquelas pessoas e eu, estávamos conectados!
Se ao fina do Bazar eu tive vontade de gritar por aí que me orgulhava da ong de vocês, ao final das votações, eu transbordava orgulho!!!! Orgulho por vocês terem vencido, orgulho por ter feito parte disso, orgulho por receber os emails de vocês que começam com "queridas amigas"! Porque é assim que eu me sinto, apesar de nunca ter falado com vocês, de só ter olhado de longe, eu me sinto querida, me sinto amiga. Tenho em vocês um conforto, um apoio, uma cumplicidade...
Resolvi escrever então pra contar que não só aos gatinhos o trabalho de vocês faz bem. Eu nem consigo descrever o quanto vocês me ajudaram e ajudam a aquecer o coração!
E, assim como todos os gatinhos, tenho muito a agradecer!
Por isso resolvi escrever esse relato: é minha forma de agradecimento, meu abraço (ou minhas lambidas) de "muito obrigada"!!!!
Muito, muito, muito obrigada por existirem ( e tenho certeza que não falo só por mim)!!!!!!! Mesmo!!!"

Bom, algum tempo passou, algumas coisas mudaram - agora eu conheço essas pessoas, não só como voluntárias ou fundadoras da ONG, mas como seres humanos de verdade. Tive o prazer de trabalhar no Bazar de Natal em 2010 e em 2011 fiz os vídeos de fim de ano e, de alguma forma, estive presente no Bazar também! 
Vejo todos os dias, pela internet, o que é a vida dessas pessoas, tudo aquilo que elas dedicam aos animais (que não é só amor, não!!!), todas as dificuldades e todas as conquistas diárias!

Que eu babo por elas, se vocês não sabiam, agora sabem!
Mas esse post tem um motivo especial...

Adote divulgou hoje um apelo muito difícil (que você pode ler clicando aqui), muito doído... A situação, que não está fácil pra ninguém, está impossível pra eles...
Li, com lágrima nos olhos, e preciso, desesperadamente, fazer alguma coisa pra tentar mudar isso!

Eu sei que meu blog não é super populoso, mas é o canal que eu tenho para fazer o meu apelo! 
Não podemos deixar que um trabalho tão lindo seja engolido por essa onda tão cruel! Os gatinhos não merecem e a ONG não merece!
Por favor, LEIA o apelo, ele é honesto e emocionante!

E é por isso que estou usando este espaço pra pedir que você ajude! Que ajude a divulgar o trabalho do AUG, mas que ajude também com uma doaçãozinha qualquer...sério, QUALQUER quantia faz diferença! Cinco, dez reais...o que você puder doar... Nesse momento de super aperto, mas também no resto do ano, porque o trabalho é infinito!!! 
Nesses anos eu aprendi que o Adote um Gatinho é mágico, mas me doeu o coração ao ler  que ele não é infinito!

Ah! Se você é uma pessoa que não gosta tanto assim de gato (ou sei lá qual a justificativa que você pode pensar), lembre-se que existem milhares de outras ONGs no Brasil, que ajudam gatos, cachorros, crianças, não importa...
Peço sua ajuda especialmente pro Adote um Gatinho agora, mas sugiro que você coloque na sua agenda (no seu celular, no seu outlook...) que todos os meses possa dar uma pequena ajuda pra alguma instituição dessas! Porque enquanto você está atolado na sua vida cheia de coisas, tem gente que abriu mão dessa vida pra cuidar da vida dos outros...

Outra coisa que eu aprendi no contato com o Adote é que o que pode ser uma migalha pra você (um simples gesto, poucos 5 reais, um pouquinho de tempo pra ir até o banco) pode ser o milagre pra outros...

E esse ato de bondade faz bem pra alma; vários atos de bondade juntos fazem bem pro mundo!!!


Para fazer depósitos pro AUG existem duas contas:

Razão Social: Adote um Gatinho
CNPJ: 08.858.329/0001-08

Itaú: 0341
Agência: 2970
C/C: 12869-6

Bradesco: 0237
Agência: 3334
C/C: 6253-7 

Entrando no site vocês podem encontrar várias outras maneiras de ajudar também! Dêem uma passadinha lá: http://adoteumgatinho.uol.com.br/ajuda.htm
(elas são super sérias e certinhas, então vocês podem mandar um email para susan@adoteumgatinho.org.br avisando o valor e a data do depósito, pra que seja colocado na prestação de contas do mês, ok?!)

Bom, por hoje é isso...rs
Agradeço muito a paciência de quem chegar até o final desse post e, agradeço MUITO e de coração, quem dedicar alguns minutos extras pra ajudar de verdade essa causa...

Beijos de coração apertado...


quinta-feira, 17 de maio de 2012

"Você não gosta de mim"

Já vou logo avisando que não tô pedindo confete!

Mas tava aqui pensando...nessa coisa de amizade, carinho, amor... Como sempre digo, sou chata e anti-social, e gosto muito de ficar sozinha. Mas às vezes bate a solidão e a carência, confesso...

Nessa vida de outro país a distância do Brasil e, principalmente, as voltas ocasionais ao Brasil me fizeram olhar as amizades com outros olhos. Quem são as pessoas que realmente importam? E, mais ainda, quem são as pessoas que realmente se importam???
Nesses 15 meses de Chile eu cansei de escrever emails e mensagens mandando e pedindo notícias, mandando e pedindo abraços... Mas quantos são aqueles que lembram de mim, que sentem minha falta e colocam os dedinhos em movimento pra me procurar e me dizer isso - espontaneamente???
A anti-social aqui nunca se importou de dar o braço a torcer e escrever pedindo encontros virtuais... Mas ela cansou!

Não tenho ciúmes do meu marido e nunca tive dos ex-namorados - nesses eu sempre confiei e sempre me entreguei, mesmo tendo quebrado a cara algumas vezes, isso em mim não mudou.
Mas com os amigos eu sempre fui ciumenta e insegura...
Acho que faz parte da consciência de que sou chata... Justamente por me virar bem sozinha na maior parte do tempo, tenho o maior medo de que nessas minhas ausências meus amigos acabem descobrindo alguém mais legal pelo caminho e/ou acabem se esquecendo de mim, e não estejam lá quando eu precisar ou quiser...

Essa é uma ótima explicação do porque esse blog e porque minha presença tão intensa nas redes sociais desde que vim pro Chile... Deve ser a forma que encontrei de estar longe sem me perder, ou melhor, sem que me percam.
 Mas ultimamente esse método tem me soado fraco e falso... Como disse, cansei de ficar pedindo atenção e saudade! Eu sei que todo mundo por aí segue com suas vidas agitadas, corridas, atribuladas... Mas eu também tenho minha vida cheia aqui e não por isso deixo de sentir e anúnciar minhas saudades e meus carinhos...
Ou melhor, não deixava... porque, agora, cansei!



domingo, 13 de maio de 2012

"Pedaços de mim"

Ser mãe é ensinar a coragem, incentivar as ousadias, reforçar a auto-estima, curtir as novidades e comemorar as novas conquistas.
Saber acertar a distância: longe o suficiente pra deixar o filho e ir e se virar, e perto o suficiente pra poder segurar em caso de queda.
Minha mãe "me deixou" vir pro Chile e sabe estar sempre pertinho de mim (pelo coração e pela internet). 

Minha filha acaba de descobrir esse novo mirador na casa e claro que a babona aqui ficou orgulhosa, achou lindo e registrou o momento...rs




A homenagem pra minha mãe eu fiz outro dia, aqui no blog, pelo aniversário dela, e hoje só posso repetir o parabéns pelo seu dia e muito obrigada por, literalmente, TUDO! Com ela estarei agora sempre, pendurada em seu  pescoço! =)

A homenagem pra minha filha está em cada amasso e nos beijos infinitos que posso dar todos os dia nela e em cada carinho e chamego que recebo de volta! Privilégio que eu sei aproveitar direitinho!

Às outras mães, desejo um feliz dia, com o coração cheio de amor e os abraços cheios de carinho - desse jeito que, como todo filho sabe, só as mães sabem ter!

Beijos  à todas!



quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Tô lhe contando que é pra lhe dar água na boca"

"Chico é como um parente distante, que chega de repente e penetra na intimidade do nosso lar."



A frase é no Nelson Rodrigues, o livro é da Regina Zappa, a biografia é do Chico Buarque, o presente eu ganhei do Lalo.

Mas quem se delicia sou eu. Quem está ainda mais apaixonada, sou eu!
Sério, dá vontade de ler esse livro infinitamente, pra sempre, todos os dias...

Ele traz a sensação de que estou do ladinho do Chico, escutando ele e amigos muito próximos a ele narrarem lindas histórias sobre uma vida que eu queria ter vivido; ou pelo menos acompanhado de perto.
(como eu sempre digo, nasci na época errada!)

É só a sensação, mas já é tão gostoso!!!Acho que isso é o que todo livro deveria proporcionar ao seu leitor...
Esse acertou na mosca!

No final, as histórias são do Chico e sobre o Chico, eu não estava lá pra ver e contar, a Beneton não gravou tudo e a globo só passou umas partes...mas o bom é poder abrir o livro e tê-las ali, pra hora que eu quiser relembrar, como se elas quase fossem minhas!





Ah! Não preciso nem dizer que nos dias em que estou lendo não consigo ouvir nenhuma outra coisa, né?! 


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Feijoada Completa

"Feijão podre! Um símbolo de nosso regime, da podridão de nossos governantes e políticos. O Brasil, Clare, é um país saqueado. De fora para dentro. De dentro para fora. De cima para baixo... Ninguém nunca é responsabilizado por coisa alguma. Ninguém vai para a cadeia. Ó não! Somos encantadores, temos corações de ouro maciço! Inventamos as anedotas mais engraçadas do mundo. Achamos que todos devem nos adorar, pois não somos hospitaleiros e bos causeurs? Fazemos troça de todos, inclusive de nós mesmos. Temos remédios infalíveis para os males de todos os países, menos para os do nosso. A simpatia no Brasil é a grande panacéia. E é nessa simpatia, Clare, nesse nosso bom-mocismo (que torna o convívio com o brasileiro individualmente tão agradável), que reside nossa desgraça como nação! No Brasil tudo está bem se um sujeito é simpático. Por simpáticos (e também irresponsáveis e levianos) esperamos que as coisas no caiam do céu. Por simpatia votamos em homens incompetentes e ou desonestos para os cargos públicos. Se somos governantes ou políticos, por simpatia dizemos sim a tudo que nos pedem, embora depois não cumpramos o prometido. Por simpáticos damos empregos ou concessões rendosas (nem sempre lícitas) a parentes, amigos, compadres, afilhados, protegidos... e, que diabo!, por simpáticos fazemos as maiores concessões a nós mesmos, e satisfazemos a todos os nossos apetites. E essa nossa simpatia, sinal, repito, dum coração de açúcar, nos impede de fazer cumprir a lei, de sorte que bandidos e ladrões andam às soltas e podem ser senadores, deputados, governadores e até presidentes da República. Por simpáticos achamos que todos nos devem ajudar sem nunca no pedir contas de nada. Por simpáticos (ah! e por inteligentes, espertos e mestres na arte da improvisação) não panejamos, e confiamos sempre nas soluções mágicas. Porque no Brasil se acredita que até o deus ex machina é brasileiro. Ah, Clare! Como somos simpáticos! Você já tinha notado isso, não? Pois é. Somos tão simpáticos que nos acostumamos à miséria em que vivem mais de dois terços da população total do país... uma miséria abjeta que, no nosso Nordeste, é igual ou pior que a asiática... E como somos simpáticos e caridosos e, às vezes, vamos aos domingos à missa, durante a qual sorrimos e acenamos de longe pra Deus (que deve ser um sujeito simpático), de vez em quando damos esmolas aos mendigos, vagamente convencidos de que assim estamos contribuindo para resolver o problema social..."

Trecho do livro "O Senhor Embaixador" de Erico Verissimo, de 1965

Um belo tapa na cara de nós brasileiros, não é?!

Fiquei pensando que talvez um pouco por isso eu seja tão anti-social e antipática... Faz sentido se juntar com essa vontade toda de morar fora do Brasil...

Mas aí o tapa na cara é maior ainda!
Aquele velho blábláblá: "você pode tirar o sujeito do Brasil, mas não pode tirar o Brasil do sujeito"...

Aliás, ganhei o livro do meu tio Milani, depois de ter pedido um "clássico que não se pode deixar de ler". Escolha perfeita!
Tapa na cara dolorido, daqueles que a gente precisa tomar de quando em quando...

Acabo de terminar a leitura e adorei! Recomendo muito!

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